07/10/08
06/10/08
Negócio da China
novela fala – e valoriza – a língua de Camões, mas tudo começa na China. Durante séculos sob domínio português é em Macau, atualmente uma região administrativa chinesa, que começa a história que Miguel Falabella conta a partir de amanhã, no horário das seis. Com rápida passagem pelas terras de Além Mar, a trama desemboca no subúrbio fictício Parque das Nações, que estaria na Zona Oeste do Rio, mas também haverá cenas em São Paulo. Negócio da China reúne de forma para lá de surpreendente romance, ação e bom humor. A nova fórmula para a faixa tem o objetivo de agradar a um público que mudou e não acompanha com a mesma fidelidade as tramas de época. Sobre isso, o autor é taxativo:
"O horário? É às 6 horas, depois vem às sete, vem às oito. O que interessa é a boa história."
Sotaque – Quem ouve o enredo pela primeira vez, logo se pergunta como a história começou a ser pensada. E teve início, de fato, pela língua portuguesa. Miguel Falabella conta que em uma conversa com o ator Joaquim Monchique, (que participa do elenco), no Bairro Alto, em Lisboa, começou a pensar naquele sotaque diferente e a se questionar sobre os outros lugares que compartilham a nossa língua. Lugares de que mal temos notícia, muitas vezes. Imaginando como poderia inserir isso na novela, conta, pensou que se um chinês de Macau precisasse fugir, pegaria o primeiro vôo para Portugal.
É o que faz Liu (Jui Huang), um ambicioso jovem chinês que rouba 1 bilhão de euros de um cassino. Flagrado pela segurança, vai mostrar toda a habilidade nas artes marciais – que Falabella conta adorar em cena – e acaba desembarcando em Lisboa. Huang diz que sabe pouco sobre seu personagem na TV.
"Apesar de ser um ladrão, acho que ele vai ser boa gente. O que não se sabe é o que os personagens vão fazer quando souberem da fortuna", comenta o ator dando uma dica sobre um comportamento que Falabella vai explorar muito: a ambição.
No aeroporto Liu conhece uma simpática família portuguesa que está de mudança para o subúrbio Parque das Nações, no Rio. Logo vai ficar amigo de Aurora (Maria Vieira), a senhora que vem com o filho para o Brasil. Depois de descobrir exatamente para onde ela vai, desesperado, Liu joga o pen drive com as informações sobre a conta na Suíça que tem o dinheiro do roubo na bolsa dela, sem que ela saiba.
Triângulo amoroso
No mesmo saguão, João (Ricardo Pereira), filho de Aurora, vai se apaixonar à primeira vista por Lívia (Grazi Massafera). A bela volta para o Brasil, coincidentemente para o mesmo bairro que o português, depois de uma temporada malsucedida em Portugal. Contudo, não vai ser fácil para João ficar com ela.
"Meu personagem vai correr muito atrás da Lívia", adianta o ator.
O motivo de tanta dificuldade é um amor malresolvido, desses que persistem em não acabar.
"Queria falar desse tipo de amor que é tesoura que não corta, mas que mastiga. Dessas relações que beiram a doença", comenta Falabella, sobre a história de Lívia e Heitor (Fábio Assunção) que se amam de verdade, o que não é suficiente para que possam viver juntos.
"Ele é um protagonista atípico. Heitor é um homem infantilizado pela mãe e Lívia quer muito mais da vida que ele, daí nasce o conflito", explica o autor, acrescentando que os personagens se casaram na adolescência por causa de uma gravidez não planejada. Com o desgaste ao longo dos anos e a proposta de trabalho em Portugal para Lívia, cada qual seguiu seu caminho.
Sobre as gravações, Fábio Assunção conta que está se entendendo bem com a (quase) novata Grazi Massafera.
"Nós ainda estamos começando. Não era essa a novela que ia entrar no ar, então estamos trabalhando há dois meses apenas. Buscamos um certo ar de intimidade entre os personagens, afinal, eles têm um filho de 11 anos", explica.
A relação de Heitor e Lívia é perturbada também pela presença das mães dos dois, interferências constantes no cotidiano do casal que, para retornar às boas, entre outras coisas, vai precisar enfrentar as investidas de João – que não promete deixar Lívia para Heitor tão facilmente.
Filhos buscam pais
Tamuz não é o único que quer saber quem é seu pai em Negócio da China. Diego (Thiago Fragoso) descobre que quem considerava seu pai, Ernesto (Antônio Fagundes, em participação especial) não o era realmente. A vida do jovem advogado vira do avesso depois que sua mãe, Júlia (Natália do Vale) revela que fez uma inseminação artificial.
Apesar de recusar a idéia no início, Júlia ajuda Diego com as primeiras pistas, que apontam São Paulo. É quando o jovem se separa da bela Cesleste (Juliana Didone), que é filha dos portugueses, para buscar sua verdadeira identidade.
Em São Paulo, à frente do escritório de advocacia Fontanera, está Adriano (Herson Capri). Ele é filho de Evandro (Francisco Cuoco), que sofre por não ter para quem deixar sua fortuna. Há 18 anos, no trote da faculdade de Direito, Adriano doou sêmen para um banco. A "brincadeira" nunca saiu da sua cabeça, já que sempre considerou a possibilidade de ter um filho perdido pelo mundo.
Onde a ‘terrinha’ se encontra
A panificadora Nossa Senhora Desatadora dos Nós é o destino final de Aurora e João. Ele veio trabalhar na padaria dos tios Belarmino Moreira (Joaquim Monchique) e Carminda (Carla Andrino). O casal tem dois filhos nascidos no Brasil: Celeste (Juliana Didone) e Tozé (Dudu Pelizzari) e mantém com dificuldades o negócio próprio. A chegada do sobrinho dá novo rumo à padaria: é que além de fazer deliciosos doces portugueses o rapaz é muito bonito e vai chamar a atenção da clientela feminina.
Para o ator Ricardo Pereira, que participa de sua quarta novela no Brasil e diz se sentir em casa aqui, é "uma honra" participar agora de um núcleo de compatriotas.
"O meu personagem é mais adulto que em novelas anteriores e eu sou mais adulto também. Acho muito bom para brasileiros e portugueses que exista um intercâmbio de atores", comenta.
Já Maria Vieira conta que seu papel, mais dramático, será surpresa aqui onde não é conhecida, mas também em seu país, onde tem 27 anos de carreira em humorísticos. Ela destaca que, por ser observador, Falabella tem conseguido reunir várias características de uma família portuguesa.
"Para ver como é real. A Aurora, quando está no aeroporto, vem carregando lanchinho, azeite, vinho, tudo na bolsa. Isso acontece com muitas portuguesas em viagem. Veja que aconteceu comigo mesmo. Eu não trazia sanduíches, sabia que a mala ia ser apreendida. Mas tinha a comida para meu cachorrinho. Minha mala acabou presa de todo jeito", diverte-se a atriz.
A família guardará o tradicionalismo português, o que deve ser um problema para os filhos brasileiros. Carminda mostra os nervos à flor da pele e é muita religiosidade. Já Belarmino será temperamental e explosivo.
Apesar de viver bem com a esposa, este português sovina terá um caso com uma das funcionárias da padaria, Semíramis (Zezeh Barbosa). Ela vai aproveitar da situação para não pegar no pesado. Tem um filho com o caso, Tamuz (Ernesto Xavier), que é apaixonado por kung fu e sofre por não saber quem é seu pai.
Comédia é destaque
Artes marciais e cenas cômicas vão perpassar toda a trama de Negócio da China. Além do ladrão que arrasa seus antagonistas com golpes, muitos outros personagens devem se dedicar ao kung fu, que tem atenção especial na produção, o que inclui um coreógrafo para as cenas e efeitos especiais. É na academia Terra do Meio que os apaixonados pelo esporte no subúrbio se reúnem. Mas o grupo de amigos que se encontra nas aulas da dona da academia, Suyan (Luciana Mizutani), não sabem o que está por vir quando os chineses da máfia, que buscam o pen drive, desembarcarem no Brasil.
Já o humor fica por conta de outro estabelecimento comercial que deve movimentar a trama: o bar mexicano El Chaparrito, cuja dona Maralanis (Leona Cavalli) se sente estrela da casa. O que ela não percebe é que não tem nenhum talento, mas sua equipe é boa de gogó. Maralanis será esposa de Edmar (Ney Latorraca), que vai reaparecer depois de três anos seqüestrado pelas Farc.
"Meu personagem vai ser até amigo da Ingrid Bettencourt. Vai falar com ela no telefone. É comédia, né gente?", argumenta o ator.
Outras personagens também ajudam a dar leveza à novela como Lucivone (Maria Gladys), Alvira (Débora Olivieri) e Lausanne (Josie Antello), que adoram moda.
"Vai ser uma maravilha, um ‘Sex and the City Suburbano’", diverte-se o autor.
O Fluminense
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